terça-feira, 30 de setembro de 2008

Lapso ideológico e poeticidade equivocada em Fight Club (EUA, 1999)

Inferirmo-nos-emos à Idade Média, século XIV, d.C. Não que isto signifique que a intenção deste trabalho seja o palmilhar do sacrossanto ao zero patafísico. Nenhuma intenção catequética ou boçal se avizinha. Tanto é verdade que nossa metodologia não é a comparação ou o método associativo senão a tranpopecção disjuntiva, definida por KONIG (1998) em seu famoso livro homônimo. Não apenas Yurg KONIG trabalha nesta linha mas o pós-estruturalista inglês Alfred B. Burtlost também fez, pouco depois de Marshall McLuhan, em laboratórios dos departamentos de comunicação e linguagens da Universidade de Cambridge, estudos que definem transpopecção disjuntiva como um aposto às idéias de transcodificação e transmutação onde a matriz de análise nunca é tomada como tal posto que o objeto de estudo não é senão uma ilusão referencial. A princípio tais idéias nada tinham a ver com os estudos em Semiologia e Nova-Hermenêutica e sim com a evolução dos processos lógicos e analógicos e vice-versa. Cremos ser de vital importância mirarmos a problemática por esta lente visto que, em nossos estudos, ao pesquisar as fontes remotas de nosso objeto de análise – o filme Fight Club (EUA, 1999, 139min.) – encontramos em sua arqueologia própria, três camadas de seus processos: a mais rasa, de transmutação fílmica de obra literária, a segunda, de transcriação apropriativa e a terceira e última de escatologia satírica. Esta última, mais profunda como é, situacionada como é, leva-nos ao passado: o alto medievo e suas tardias manifestações carnavalizadoras e sarristas. Dito isso, os propósitos primeiros de nossa análise a saber, a discussão ideológica e a identificação das questões da modernidade baudelairiana no filme de David FINCHER (1999) são subvertidos. Congregatio onis Pugna O filme Fight Club é baseado numa obra literária homônima cujo autor Chuck PALAHNIUK (1997) desenvolve e adapta um enredo que não é e nunca foi criação sua. Podemos dizer que o trabalho maior nesta senda tríplice foi mesmo o do diretor David FINCHER (1999), pois que o cinema é um outro meio. Aliás, é uma obra de arte hiperexecutável e em nosso caso mais ainda, pois que aqui se pode entender de fato o que GREIMAS (1978) queria dizer com o tal percurso gerativo de sentido. Dizemos isso, pois o obscuro, subversivo e indexado (de Index, lista dos livros proibidos pela Inquisição) Ziegfried ZUMPFKOPULE (1974) nunca imaginou que sua obra alcançaria a balbúrdia pós-moderna. PALAHNIUK apropriou-se de uma estória sem dar-lhe os devidos créditos. Seu livro é inteiro adaptado deste conto medieval não muito famoso. Somente após o sucesso do filme de FINCHER é que ficamos sabendo das origens remotas e não creditadas de sua trama. O enredo estava praticamente pronto desde o século XIV, com todas as subversões e idéias. PALAHNIUK trocou os nomes, atualizou as filosofias, deu cara nova aos conflitos e entregou-nos seu texto. Os créditos mesmos estão com o autor original do quatrocento alemão. Invertendo a idéia do flaneur de Baudelaire, é a obra deste medieval que passeia pela nossa época nos pregando peças tal qual um menestrel. Estamos a falar do Corvus Corax et Congregatio Onis Pugna. O percurso que essa obra fez até chegar aqui, o que ela significa e o que dela foi transmutado é no mínimo constrangedor. Sua leitura faz-nos refletir sobre a relevância das discussões sobre a modernidade e suas ideologias. Como uma obra medieval pode ser plagiada não é o que nos espanta, mas sim a atualidade da

4 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Oi Augusto, tudo bem?

Meu nome é Jennifer, sou repórter do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, e estou fazendo uma reportagem sobre cópias e falsificações na moda.

Li o seu texto "O luxo morreu" no Observatório da Imprensa e gostaria de conversar com você sobre o assunto.

Pode ser por telefone ou por e-mail.

Se você aceitar, por favor, entre em contato comigo assim que possível.

O meu e-mail é jenniferk@gazetadopovo.com.br

Obrigada e um abraço!

Unknown disse...

Oi Augusto, tudo bem?

tentei entrar em contato com vc ontem sobre uma entrevista que eu gostaria de fazer com vc.

Estou fazendo uma reportagem sobre moda e falsificações, li um de seus textos no Observatório da Imprensa e tem tudo a ver com o rumo que queremos dar à reportagem.

Como ainda não consegui falar com vc para combinarmos algo, tomo a liberdade de já te mandar as perguntas, para adiantar as coisas.

Seguem as perguntas:

- Qual é a sua opinião sobre as falsificações?

- Qual é o limite entre a cópia e a inspiração? Pergunto isso porque muitas lojas de departamento e até marcas brasileiras "copiam", mas dizem se inspirar nas coleções de fora sem cerimônia.

- No texto "O Luxo Morreu" vc diz que as marcas de luxo estão mais preocupadas em vender para muitos fo que para uma reduzida minoria. Se é assim, por que estes produtos são ainda tão caros?

- Por que damos tanta importância e valor a grifes e marcas ainda hoje?

- Se a cópia existe desde a Idade Média, por que hoje a imitação é vista de forma tão negativa?

- É possível afirmar que não há mais nada de novo para se inventar na moda? Tudo já foi feito antes?

É isso. Se vc puder responder até o final dessa semana, eu agradeço. Se preferir conversar pessoalmente, por favor, me passe o seu telefone para que eu possa entrar em contato.

Obrigada e um abraço,

Jennifer Koppe
jenniferk@gazetadopovo.com.br
Repórter - Viver Bem
Gazeta do Povo - RPC
(41) 3321-5940

Beto Brandão disse...

Augustooooo!! Seu blog!! Agora poderei acompanhar tuas idéias e teu pensamento de perto!!

Onde encontro esse texto "o luxo morreu"??

Abração!